“Minha história com Tony MacAlpine” por Aquiles Priester

Para falar sobre isso, preciso voltar no ano de 1993, quando já morava há cinco anos em Porto Alegre, depois de ter saído de Foz do Iguaçu em 1988 em busca do meu sonho de ser músico profissional.

Desde 1988, eu comecei a tocar em bandas de cover e de músicas próprias em Porto Alegre, até fazer parte do Nômades de KZAK, na qual conheci um guitarrista muito jovem e talentoso chamado Alexandre Machado, que tinha uns 16 anos de idade. Sem saber, ele mudou minha vida me emprestando um disco chamado “Maximum Security”, de Tony MacAlpine.

Foi assim que conheci sua música e também um baterista chamado Deen Castronovo. O que mais me chamou atenção foi que eu não entendia nada do que o baterista tocava. Então, resolvi começar a fazer aulas de bateria com o grande Kiko Freitas. Eu tinha 22 anos de idade e muita esperança de ir adiante em busca do meu sonho. Imediatamente, me tornei um grande fã de Deen e também de Tony. Deen se tornou e ainda é a minha maior influência.

Na época eu já namorava a Patrícia, que atualmente é minha esposa. Ouvíamos muito os discos que Tony tinha lançado até então e fizemos um plano naquela época: queríamos ir até San Francisco nos EUA (onde Tony morava na época) para assistir a um show dele, ao vivo e a cores. Muita coisa aconteceu em minha carreira desde então e em 2013 planejamos nossa viagem a San Francisco, mas a passeio, para conhecer a cidade. Em 2012, eu já tinha feito uma turnê pela Europa com Tony, mas o sonho ainda não estava completo…

Pois bem, em 2013 ele me convidou para gravar seu novo disco, bem na época da viagem a San Francisco. Por questões de agenda, eu precisaria gravar o disco assim que voltasse. Não pensei duas vezes: uma das minhas malas era um kit pequeno de bateria composto por pads de bumbo, pedal duplo e uma máquina de chimbal com os pratos. Ficamos uns dez dias por lá e eu tive que aprender as músicas nesse tempo, enquanto a Patrícia participava de um congresso de design durante o dia. Foi perfeito. O sonho acabou mudando um pouco. Não assistimos a um show do Tony em San Francisco, mas eu pude praticar para gravar as músicas para o novo disco dele e a Patrícia se aperfeiçoou em sua profissão.

Em Outubro de 2014, finalmente assisti a um show do Tony em San Francisco, mas era um pouco diferente, pois eu estava em cima do palco, atrás da bateria.

Quando cheguei no local do show rolou uma grande nostalgia e acabei contando a história para o Tony, que ficou muito feliz por mim e me deu um abraço. Durante o show, na hora da apresentação da banda, ele pediu que eu contasse a história resumidamente para o público. Quando terminei, a galera me aplaudiu de pé. Eu gostaria muito que a Patrícia estivesse junto naquela noite, pois ela teria sido ainda mais perfeita.

Atualmente estou em turnê novamente pelos Estados Unidos com o Tony (Concrete Gardens US Tour) e estamos tocando as músicas que tive que aprender em San Francisco. Todas as noites são muito especiais e estamos tocando as músicas como máquinas, como o Tony costuma dizer. Esperança é um sentimento muito bom, te ajuda a superar seus limites e a acreditar que tem algo muito bom que ainda está por vir.

O tempo passou, mas o adolescente Aquiles Priester de 16 anos que colocou na sua cabeça que seria um baterista e rodaria o mundo ainda está aqui comigo. Todas as vezes em que acho que alguma coisa não está indo muito bem ou que estou tendo dificuldades em minha vida, me pergunto: o que o Aquiles Priester de 16 anos faria? A resposta é sempre a mesma: ele passaria por cima de tudo e simplesmente venceria o obstáculo.

Resolvi escrever esse texto num momento muito oportuno, enquanto estou pelas estradas dos Estados Unidos realizando essa turnê com Tony MacAlpine. Isso é um verdadeiro sonho que se tornou realidade.

A vida em sido muito boa comigo e agradeço a Deus por Ele ter me dado esse poder de realizar as coisas, de concretizar meus sonhos. Precisava dividir isso com vocês, pois cada dia é o que conta, especialmente quando você está feliz e rodeado por pessoas que te inspiram.

Obrigado a minha família por todo AMOR e INSPIRAÇÃO (Patrícia, Juliana e Arthur Priester) e também ao Tony MacAlpine por acreditar no meu trabalho e me fazer um baterista melhor! Ouçam o disco “Concrete Gardens” e vocês vão entender o que estou falando… 😉

E não posso esquecer de agradecer ao Bjorn Englen e ao Michael Mesker, por fazerem a vida na estrada ser tão fácil… 😉

Amo vocês todos!
Onde há uma vontade, há um caminho!
Aquiles Priester